Homenagem a Sidónio Muralha
Centenário de Nascimento de Sidónio Muralha
Colóquio Internacional “100 anos de LITERATURA GENTE”
Homenagem a Sidónio Muralha
O Colóquio Internacional “Sidónio Muralha - 100 anos de Literatura Gente”, foi realizado nos dias 24, 25 e 26 de novembro de 2021, na sede da Sociedade de Geografia de Lisboa (SGL), Auditório Adriano Moreira – Lisboa, Portugal.
Foi promovido pela Sociedade de Geografia de Lisboa (SGL) – Comissão de Migrações, Universidade Aberta, Fundação Sidónio Muralha e Universidade Federal do Paraná, com apoio da Associação Promotora do Museu do Neo-Realismo, Centro de História da Universidade de Lisboa, Associação Laredo e Associação Mutualista Montepio.
O Colóquio foi uma homenagem ao centenário do poeta, expoente do movimento neorrealista português e um clássico da literatura infantil e juvenil.
O evento abordou o legado da obra de Sidónio Muralha numa ótica interdisciplinar, com apresentação de saberes e debate em áreas de estudo como mobilidades, literatura da diáspora, literatura infanto juvenil, tendo por base “deambulações de um andarilho” e as múltiplas dimensões da vida e obra de Sidónio Muralha.
O evento reuniu familiares e amigos de Sidónio Muralha que trouxeram testemunhos contemporâneos do autor, e pesquisadores da obra de Sidónio Muralha de Portugal e do Brasil, que apresentaram seus trabalhos ou relatos em cinco mesas temáticas, sendo elas: “Em torno das mobilidades”, “Literatura diáspora”, “Testemunhos”, “Sidónio Muralha na literatura infantojuvenil” e “Sidónio Muralha na multiplicidade de gêneros”.
Além das mesas temáticas cuja programação encontra-se acessível nesta página, o evento contou com uma exposição sobre a vida e obra do escritor.
As pesquisas e demais trabalhos apresentados no Colóquio serão publicados na colecção Cadernos Nova Síntese e estarão disponíveis no Livro sobre Sidónio.
Sidónio Muralha nasceu em Lisboa a 29 de julho de 1920 e faleceu a 8 de dezembro de 1982 em Curitiba (Paraná, Brasil). Formado pela Escola Comercial Rodrigues Sampaio (ERCS) manifestou muito jovem um inegável talento para a escrita, o que lhe permitiu frequentar os círculos literários e culturais da época. Tornou-se opositor ao Estado Novo e aderente do Movimento Neorrealista Português, vendo-se obrigado a um longo exílio, partir de 1943, primeiramente no Congo Belga, depois na Bélgica, vindo a estabelecer-se, por fim, no Brasil, o seu país de adoção, em 1962. Em São Paulo, com outros portugueses exilados, concretizou na Editora Giroflê, um projeto pioneiro de literatura infanto juvenil. A qualidade, beleza e simplicidade da sua escrita e o jogo lúdico-estético, utilizado na transmissão de valores sociais, deu forma a uma mudança de paradigma, tanto em Portugal como no Brasil. As suas obras Bichos Bichinhos e Bicharocos (ilustrada por Júlio Pomar) e Televisão da Bicharada (ilustrada por Fernando Lemos), internacionalmente reconhecidas, são hoje verdadeiros “clássicos da língua portuguesa”. Considerado “benjamim do neorrealismo português”, desenvolveu vasta e versátil obra poética onde se podem destacar Beco (1941) e Pássaro Ferido (1972). Fez também diversas incursões no conto, no teatro, na crónica e no ensaio. A “literatura-gente”, fortemente comprometida com valores éticos, associou a arte à transmissão de valores como a solidariedade social, os direitos humanos, os direitos das crianças, a emancipação feminina e, como particular atualidade, a ecologia. Nos desafios da sustentabilidade ecológica, assume hoje particular importância, no âmbito da ecologia e da preservação ambiental.
2. A Fundação Sidónio Muralha e o Centenário Muralhiano
A Fundação Sidónio Muralha (FSM) se dedica à promoção da leitura junto dos mais jovens, bem como à transmissão dos valores que marcaram os textos do autor. A Fundação iniciou a atividade de preservar a sua memória e obra, desde meados da década de 80, em Curitiba, dinamizada por Helen Anne Butler Muralha, viúva do poeta. Junto com grupo alargado de pesquisadores e artistas, entendeu programar um vasto conjunto de atividades, prestando-lhe homenagem a Sidónio Muralha, por ocasião do centenário nascimento assinalado em 2020.